terça-feira, 4 de maio de 2010

null olhou no celular outra vez, 18:18

- Mas que inferno - Começou a reclamar sozinha; anos vivendo numa casa enorme com os pais constantemente fora a deram o hábito de conversar – e muito – sozinha:

- Toda vez que eu olho essa maldita hora ela ta igual. Ta assim desde as 15:15... - As pessoas na rua já estavam olhando-a engraçado, imaginando que tipo de tecnologia surreal ela estava usando para se comunicar com alguém sem aparentemente estar com alguma espécie de fio na cabeça.

- Só porque ele falava essa coisa idiota eu não paro de olhar... – ela fechou os olhos e fez o pedido, o mesmo que fazia há cerca de um mês.


* Flashback *

- null, são 23:23 – null. falou olhando pela janela de vidro de sua casa, observando o céu.. null do outro lado da linha apenas sorriu. – Sabe o que significa?
- Que tem alguém pensando em você – Ele falou simplesmente.
- Não... Significa que a pessoa que viu pode fazer um pedido.
- Não, não... Pra mim, é que alguém ta pensando em você.
- Não; Pensando em você é aquela da correntinha, quando o fecho aparece na frente...
- Essa também null, a hora igual é alguém que gosta de você pensando em você...
- E o pedido? Faz quando?
- Estrela cadente!
- Ahhhh, mas é muito difícil ver uma – ela falava mole e bocejando. Mas mesmo assim, mais feliz do que nunca por ouvir aquela voz do outro lado da linha.

Aquela conversa idiota sobre superstições continuou por mais minutos, até null resolver parar de teimar e concordar com ele.

- Tudo bem, você venceu... Mas eu ainda acho que alguém pensando em você é aquela da corrente!
- null, quer ver?
- Huh
- Fala o primeiro nome que vier na sua cabeça.
- null.
- Então eu era quem estava pensando mais em você às 23:23
- Isso não faz sentido, você estava falando comigo, deveria estar pensando em mim; A não ser que estivesse passando ‘Show de Vizinha’ de novo...
- Não, tava passando ‘enigmas da medicina’.
- Ah então você estava pensando em mim... Mas você sabia que eu ia falar seu nome!
- Eu mandei você falar ‘null?’
- Aaaah, mas o primeiro que eu lembro sempre é você. Você sabe muito bem disso.
- Poderia ter sido seu papai.
- Poderia... Ô null....
- Eu – ele sorriu do outro lado de novo, achando bonitinho o jeito que ela falava o seu nome principalmente quando ele a prendia no telefone até mais tarde e ela estava com sono. Sua voz saia rouca e as vezes ela não raciocinava direito.
- São 00:00
- Meia noite?
- Não, zero zero e zero zero – ela falou devagar fechando os olhos mais tempo do que o necessário para piscar.
- null você está com sono né?
- Não bobão, eu to falando que a hora ta igual de novo.
- Fala um nome então.
- José
- Hum... Nome do papai... Ele está em casa ou no escritório?
- Não, nenhum dos dois... Ele ta viajando... Só falei o nome dele pra te provar que essa coisa de pensando em mim... Um minuto, meu celular.
- Ok. – null pôde ouvir ela falando ‘oi pai!’ do outro lado da linha e deu uma risada divertida
- Era meu tio...
- null.... Eu ouvi você falando ‘pai’.
- Eu chamo meu tio de pai!
- Seu tio te liga à meia noite então?
- Okay era meu pai...
- Agora admita que eu sou o rei!
- O que?
- Ele estava pensando em você as 00:00
- Okay, okay.... Você é o rei. Então quando eu vir a hora igual, eu vou pensar num nome, que vai ser quem está pensando em mim... Mas também vou fazer um pedido.
- Não perca seu tempo, sou sempre eu que estou pensando em você. Quanto ao pedido, é mais útil.
- Não vou perder meu tempo com o pedido... Não preciso de mais nada além de você.


* / Flashback *


Fazia mais de um mês que ela e null haviam terminado. Ela nunca foi boa com datas, e forçou-se para não saber que dia exatamente eles terminaram. Assim evitavam-se as contas de ‘horas sem null.’.

Ela que quis terminar, mas simplesmente porque ele falou a coisa certa. Simplesmente porque ele falou o que tinha que falar pra fazê-la terminar com ele.

null sempre foi melhor que ela em datas, em lembrar as coisas. Ele sempre lembrou de cada coisa que ela já disse a ele, sempre citava com perfeição as palavras dela, cada detalhe de roupa ou jóia que ela usava, tudo. E ela nunca lembrava datas – exceto aniversários de ‘mês’ – nunca lembrava o que ele disse ou o que ela disse.

Mas incrivelmente ela lembrava exatamente da conversa em que null dizia que a hora igual significava que alguém pensava nela; E graças à isso toda vez que ela via a hora, ela lembrava do garoto.

O que era delicioso enquanto eles namoravam e se amavam. Agora que mal se falavam, e que ela tinha completa certeza de que ele não nutria nem a mínima simpatia por ela. Bem, as coisas ficaram um pouco mais desagradáveis.
Ela repetiu o desejo em voz alta:

- Eu quero esquecer o null.

Do jeito que ela fazia sempre. E ainda mandava beijinhos para o relógio.
Agora que ela tinha tal certeza de que null em dimensão alguma poderia estar pensando nela, sabia que era mentira essa história que ele havia contado, sobre alguém estar pensando em você quando a hora estivesse igual. Mas o pedido ainda valia... O fato de ele não ter se realizado com sucesso era mínimo. Mas ia acontecer cedo ou tarde.

Ela continuou andando e procurando um táxi que parecesse descente. Parou na frente de uma loja, e se assustou ao olhar para a vitrine: Viu sua foto ampliada lá, usando umas roupas bonitas e fazendo uma cara séria. Não parecia muito com ela, e ela reparou que haviam photoshopado a pintinha que ela tem no canto superior do lábio.
- Nossa moça, como essa moça da vitrine parece você, não? – Um menininho falou na rua apontando de null para o Outdoor.
- É verdade não? – ela respondeu com uma felicidade que já não mais sentia, olhando para o menino feliz. Ela não ia contar que realmente era ela no outdoor, gostava da discrição em relação ao seu trabalho de modelo.

Entrou no táxi que a deixou em sua casa. Seus pais não estavam. ‘Oh, Jura?’

Pegou o iPod e a iHome [N/A: aquela caixinha de som pra iPod sabe? :D] para ouvir no banho, e depois decidiu que ia abrir uma garrafa de vinho para comemorar o contrato que havia conquistado hoje com a Victor Hugo. Pegou o celular para ver a mensagem do modelo bonitinho com quem estava saindo e olhou a hora: 19:19

- Eu quero o null. – três beijinhos.

- NÃO! EU PEDI ERRADO! – Ela suplicava para o relógio. – VOU FAZER DENOVO: EU QUERO ESQUECER... – Mas aí a hora mudou para 19:20. Droga.
Dessa forma perdeu totalmente o pique para seu vinho, mandou a mensagem cancelando o programa com Chad, o modelo bonitinho, e outra para seus pais contando a novidade.

Depois de um tempo, em que ela ficou sentada ao piano tocando Debussy, seu celular tocou três vezes; mas ela nem chegou perto dele. Sabia que era Chad, e não queria bater o olho na hora e ver que já eram 20:20.

Mais três vezes e ela não se moveu. O Piano estava bem mais interessante do que qualquer outra coisa. Se fosse importante ligavam em casa. Depois de tocar mais piano ela foi ter um jantar rápido. Até começou a comer mas às 21:21 ela olhou no relógio da cozinha e perdeu a fome.

Foi ver Tv e depois de seu seriado favorito, ao resolver mudar de canal, se pegou nas 22:22.

Seu celular já havia tocado umas 7 vezes desde então, sempre mais depois da hora igual. E a última pessoa que ela queria atender era Chad, principalmente enquanto estava desejando null... Opa. Desejando esquecer null.

Foi ao piano para de distrair, e Lizst foi saindo. Era natural, era calmo, e tocando ela não pensava em nada, em ninguém, a não ser em sua música.

Foi quando a campainha tocou. Ela parou de tocar abruptamente e aguçou os ouvidos para certificar-se de que não tinha sonhado; A campainha tocou de novo.

- Meu Deusinho... que horas são? – olhou no relógio antigo da sala da frente: 23:23.

Foi até a porta extremamente mal humorada e tirou o interfone do gancho, ativando a câmera na entrada de sua casa e vendo quem estava lá.

O aparelho caiu no chão quando ela reconheceu aqueles cabelos bagunçados, aquele nariz e aquele queixo, mesmo no pequeno visor preto e branco iluminado pela luz fraca da rua.

- Er... Quem é? – null. null. null. null. null.

- null?

- Eu...

- Posso entrar?

- Hum... Desculpa, você está meio de lado na câmera e não reconheci sua voz... Quem é?

Ele não respondeu. Apenas olhou para onde a câmera ficava e null. pôde imaginar a intensidade daquele olhar como se ele estivesse na sua frente.

- Awhn... Entre. – Ela apertou o botão que abria o portão.
null entrou, passou pelo quintal da frente e ela abriu a porta de entrada. A rajada de vento na hora arrepiou suas pernas nuas – e não a presença de null, ela ficava se repetindo – e ela colocou as mãos envolta do corpo para se proteger do frio – e não para não desmoronar na presença de null..

Ele ficou parado na frente dela, e ela sustentou o olhar. Eles ficaram se olhando com uma certa distancia por menos de um minuto, até que ela forçou os olhos para o centro do rosto, ficando “vesga”

null desatou a rir, e diminuiu a distância entre os dois, abraçando-a.

- Ganhei no sério – ela falou rindo e abraçando ele de volta.
- Pela primeira vez desde que nos conhecemos – ele a apertou contra o peito. – Você está tremendo e arrepiada. – completou com um meio sorriso.
- Sabe como é, adoro sair para uma volta ao ar livre de shortinhos e regatinha com um belo vento polar ártico às 23:23... – a hora saiu involuntariamente. E ela sabia, sabia por ter convivido tanto tempo com aquela figura perfeita parada a sua frente, que ele lembrou do mesmo momento.

- Por isso que vim a essa hora – ele falou depois de um tempo de silêncio – para pegar você bem na caminhada da noite.

Ela virou de costas e entrou em casa rindo, null seguindo-a. - Seus pais?
- Estão aqui! – Ela falou sorrindo. null abriu a boca incrédulo.
- Jura?
- Claro que não! Em plena Virada cultural? Eles estão é presidindo alguma coisa – ela virou os olhos e ele riu. Ela foi até o sofá que null conhecia muito bem e se largou lá. Ele foi até a garrafa de vinho que estava em cima do bar, pegou mais uma taça e colocou para os dois.

- Gracie.... (Obrigado/a em Italiano)
- Prego. (1001 significados em Italiano. Pode ser ‘De Nada’)

Brindaram, e cada um tomou um gole. null ainda olhava incrédula para o rapaz em sua frente.

- Então....? – ela não resistiu, teve que fazer a pergunta.
- Então....? – ele olhou como se não entendesse o que ela queria dizer.
- Você está aqui em casa.
- Jura? – ele olhou assustado para os lados e ela começou a rir.
- null. – Ela falou com a voz arrastada e cansada, meio rouca que ele sempre disse que amava. O som de seu nome fez com que o garoto apenas fechasse os olhos e sorrisse.
- Eu...
- Porque você está aqui em casa?
- Quer que eu vá embora?
- Para de fazer doce. Você sabe muito bem que não nos falamos faz um... tempo. – falando isso ela deixou de sorrir.
- Sei.
- Então por que está em casa?
- Porque você não atende o celular? – ele devolveu a pergunta apontando para o aparelho.

Ela pegou e viu as 10 ligações perdidas. 2 de Chad, 1 de Mamãe... 7 de null.

- Você me ligou.
- Claro!
- Não atendi ninguém... Veja – Mostrou as ligações de Chad e se sua mãe.
- Por que?
- Preguiça. Se é realmente importante... Ligaria em casa.
- Só dá ocupado na sua casa – ele falou revirando os olhos. Ela olhou pro lado e viu o telefone com fio mal colocado no gancho. Ajeitou-o lá.
- Pronto. Não dá mais.
Ficou um silencio por mais alguns segundos. null encarando null e ela fazendo o mesmo de volta. Não podia acreditar no que via.

Ela começou a rir, como não ria há muitos dias. Abraçou a almofada e começou a rir. null fechou os olhos e sorriu, mas rapidamente os abriu de volta e começou a rir junto com ela. Carinhosamente reparando em como o sorriso dela era muito mais reconfortante visto assim, bem na frente dele, do que nas fotos que ele costumava olhar todos os dias para se sentir bem.

Ele tacou uma almofada nela, e ela devolveu a almofada nele, logo um jogando-se em cima do outro para tacar mais almofadas. Dessa vez rolaram do sofá e caíram no chão, null por cima.

Ela sorriu safada, e prendeu as mãos de null sob as suas.

- Fala – ela falou tão perto dele, que o hálito frio característico de Listerine sabor vanilla percorreu a face de null. Ele se arrepiou e sorriu.
- Não.
- Eu estou te prendendo. Me fala por que você veio.
- Não estou desconfortável, posso ficar assim pra sempre – ele revirou os olhos e ela riu.
- null... – ao som do nome dele a atmosfera pareceu mudar. O olhar dele pareceu penetrá-la, aqueles grandes olhos null. tão perto, como há tempo não apareciam...
- Não fala meu nome assim, eu ainda não sei o que posso fazer. – ele falou simplesmente sustentando o olhar dela. Ela tremeu.
- Faz tempo que eu não vou na academia, não sei quanto tempo vou agüentar parada nessa posição – ele riu com ela – Por favor null... Me fala por que você está aqui?
- Pra te ver.
- Pra me ver? – ela tremeu novamente.
- Sim... Cansei de passar o tempo vendo você em fotos, ou em outdoors na rua, e decidi vir aqui pessoalmente. – ao dizer isso ela caiu estatelada em cima dele. Ele riu.
- Droga. Preciso voltar pra academia – ela falou sem se mover.
- Eu prefiro assim.

Ela não podia mais agüentar; ou null
Ela então se levantou e voltou para o sofá, deixando null no chão.

- Qual o problema? – ele perguntou.
- Você sabe – ela falou um pouco mais seca. Um nó começou a se formar na garganta enquanto ela lembrava de tudo que havia acontecido naquele período de tempo que havia passado sem null; Como ele havia mudado no final da relação... Como ele, apesar de ter voltado e de parecer exatamente do jeito que ela mais gostava, foi o mesmo que foi embora.

- Sei? – ele se sentou no chão, ficando com os olhos na altura das pernas da garota. Ela sentou no chão com ele, e a feição no rosto do garoto mudou ao ver a cara de nojo e medo com que null o olhava.

- Você falou o que precisava falar pra me fazer ir. Você prestava atenção em tudo que eu te dizia, e você repetiu o que eu te disse uma vez, que ia ser o ultimato pra mim. Você repetiu o que eu te disse que não suportaria ouvir. null não respondeu. Simplesmente porque null não estava perguntando, ela estava apenas afirmando. E ele sabia que ela tinha razão.

- Depois que terminamos, você disse que me amava, e que queria ser pelo menos meu amigo. E isso durou o que? Uma semana? Depois você sumiu.

- Você não correu atrás também – ele falou agora olhando nos olhos dela, sustentando o olhar. – E nem falou que também me amava. E não disse que me queria por perto.

- Você esperava o que? Você diz que não ia ter tempo pra mim agora que sua banda estava começando a fazer sucesso, viu como doeu em mim pra terminar e ainda esperava que eu fosse ficar correndo atrás de você?

- Não achava que você fosse tão orgulhosa.

- Não é questão de orgulho, e sim de amor próprio – ela virou para o lado e viu seu reflexo na janela. Estava claro que ela ia desmoronar. Ele concentrou toda sua força de vontade em não chorar, em não desmoronar, e voltou a encarar null. Ela não esperava ver os olhos dele marejados.
- Você não entende a dúvida em que eu estava? – ele falou com a voz falha. Isso assustou null, tanto que triplicou o nó em sua garganta e lhe deu uma vontade incontrolável de tocar em null, de confortá-lo. Ela concentrou-se em não se mover e em ouvir, e null continuou a falar.
- De um lado, a minha namorada, mais nova, inexperiente, apaixonada. De um outro, a fama, a responsabilidade... Eu sabia que você ia sofrer. Eu sabia que eu ia, mais cedo ou mais tarde, viajar por meses, anos, ter mil garotas em cima de mim, e quem garantiria que eu iria se fiel? Ninguém.
Uma lágrima escorreu pelo rosto de null, ao mesmo tempo que uma escorreu pelo rosto de null.
- E eu já podia ver você sofrendo por mim, enquanto eu estava lá. Eu tive que fazer aquilo, pra te... Proteger.
null deixou só mais uma lágrima escorrer por seu rosto antes de falar, com a mesma expressão de nojo.

- Em um mês, essa foi a melhor desculpa que você inventou?
- Um mês? Fazem 68 dias que eu não falo com você.
- Eu não quis saber a data em que terminamos pra evitar essa conta.
- Foi dia...
- NÃO! Eu não quero saber.
- Não é desculpa. Eu juro. – Ele falou baixo e ela não acreditou.
- Como eu devo acreditar null? E... Por que raios você chegou a essa conclusão sozinho? Eu sou modelo. Eu tenho contato com homens lindos a todo tempo. Eu tenho acesso à festas estúpidas de socialites sempre. E você chegou à conclusão que eu iria sofrer se você estivesse longe... Se você tivesse contato com gente em cima de você. Acorda, eu vivo com gente em cima de mim.

- E se eu te traísse?
- Você não ia. – ela falou firme. – Pelo menos eu tinha total confiança que não ia.
- Por que?
- Não adianta voltar ao passado. Eu também tinha total confiança de que você não teria coragem de terminar comigo do jeito que você... Fez.
null não falou nada e só olhou pra baixo. null derramou outra lágrima mas limpou antes que os olhos null de null voltassem a fitá-la.
- Eu... Era o único jeito. De fazer você tomar a decisão, de você terminar. Quem sabe assim você superasse mais rápido...
- Nossa que plano genial null você bolou sozinho? Nossa, que orgulho mamãe deve sentir de um filhinho tão esperto! – Ela falou que nem uma tia de jardim de infância arrancando um grande sorriso de null e se esforçando ela mesma para não sorrir.

- Eu sei. Eu fui estúpido, pode falar.
- Não, prefiro ouvir você falando.
- Eu fui um estúpido, null.
- Eu sei.
- null, você não tá entendendo. Eu fui muito, muito estúpido.
- Tudo bem. Eu concordo. Mas isso ainda não respondeu minha pergunta inicial.
- Hã? – null pareceu confuso.
- Por que você está aqui.
- Eu já disse que vim te ver.
- Me viu já. Algo mais? – ela respondeu com rapidez, mas logo se arrependeu do que disse ao ver a tristeza no rosto de null.
- Quer que eu vá embora?

- Se você não veio aqui pra mais nada a não ser olhar no meu rosto e ver em que estado deplorável você me deixou, acho que sim, seria melhor você ir embora. – Ela falou chorando. Na verdade foram quatro lágrimas que escorreram por seus olhos. Não tinha como evitar, era null em sua frente.
- Não, não vim só pra isso. E você está mais linda do que eu jamais vi. E eu sempre achei você a mulher mais linda...
- Por favor null... – ela forçou para não sorrir e olhou para o lado, limpando aquelas teimosas quatro lágrimas que ainda passeavam pro suas bochechas.
- Juro. Eu sempre acho você mais bonita quando eu não posso te ter. – ele falou simplesmente e ela sorriu pouco.
- Eu sempre acho você mais bonito quando eu não posso te ter. Essa fala é minha.
- Foi o que você me disse quando estava chorando e terminou comigo. Eu chorei depois dessa. Você mascava um chiclete de hortelã e estourou uma bolinha antes de tocar meu rosto.

- Você sempre lembra de tudo assim?
- Só quando tem relação a você.
- null... – ela falou fraco, arrastado, e ele fechou os olhos e sorriu.

- Eu sei que provavelmente você vai me xingar, mas você não imagina como eu me sinto feliz em ouvir você falando meu nome assim. Como eu fico feliz em ouvir a sua respiração, em sentir seu cheiro.
- null...

- Você repetiu meu nome. Eu tenho gravado no meu celular, você sussurrando ‘null’ pra me acordar um dia. null gravou pra mim. É meu despertador.

Ele abriu os olhos e ela não sabia o que responder. Disse:

- null.
- Ótimo, assim eu não me abstraio – ele falou fingindo concentração, e ela deu uma risadinha.
- Pára ,eu to tentando ficar séria.
- Comigo é difícil né?
- Muito.
- E ser fria comigo? Também é difícil?
- Doze vezes mais do que é ficar séria.
- E me ver aqui na sua frente? É difícil?
- Surpreendentemente... Não tanto.
- É o que então?
- Diria que é até... Prazeroso. Quando eu não penso muito.
- Será que um dia você vai esquecer o que eu fiz?
- Boa pergunta.
- Será que você me quer de volta?
- Outra excelente pergunta.
- Será que você tem meu mousse de chocolate favorito na geladeira?
- Sim.
- Finalmente um sim! – ele falou rindo e saiu correndo para a cozinha, voltando com dois copinhos com mousse dentro.

Ela comeu em silêncio olhando null e ele olhando ela.

- Sabia que, mesmo você me odiando, esse é o dia mais feliz em 68 dias?
- Para de repetir esse número.
- Por que?
- Porque se não eu vou começar a contar os dias que eu estou sem você também – ela falou baixo, olhando para o lado.

null aproximou-se vagarosamente dela, tocando a ponta do queixo da menina com a ponta de seu dedo, virando-o para olhar para ele, que estava agora mais próximo do que pudesse imaginar.

- Eu tinha esquecido como você é. As fotos não fazem jus a você. Tá vendo essas linhas aqui – ele passou um dedo da mão livre pela testa de null. – Sgnificam que você tá tentando decifrar o que eu to pensando.

Ela sorriu. Ele acertara, como sempre.

- Tá vendo esse músculo repuxado aqui – ele passou o dedo vagarosamente pelas bochechas dela – é você forçando pra não sorrir mais.
Ela abriu o sorriso, não tinha como não abrir.
- E tá vendo essa boca aqui... – ele passou o dedo pelos lábios dela. – Ela está entreaberta, dividia entre me beijar ou ficar fechada pra sempre pra mim.
Ela ficou parada.
- Não é justo quando você me conhece até melhor do que eu mesma. - Ela falou sorrindo pouco e olhando pra baixo.
- Ei pequena. Você é minha vida, eu sei tudo de você. Eu amo você. E eu vim aqui pra pedir, pra suplicar que você voltasse a ser minha.
Ela não falou nada, apenas olhou para aquelas grandes bolas null que comumente chamavam de olhos e sorriu.
null sorriu e aproximou-se mais de fechou os olhos e null a beijou. Primeiro um simples beijo, suave, que logo se transformou num sorriso, em que null colocou as duas mãos no rosto da garota.

Ela envolveu o pescoço dele com suas duas mãos e sustentou o olhar.
- Fala de novo, que eu não ouvi... – ela falou sorrindo.
- Eu te amo, null. Volta a ser minha?
Ela sorriu e beijou-o. Beijou-o como nunca havia beijado ninguém na vida, com um amor, uma saudade, uma delicadeza que não era descritível.

null poderia ser considerado o homem mais feliz do mundo só por estar ali, com ela.

- Você não me respondeu – ele falou depois do beijo, mas sem soltá-la.
- Eu acho que a resposta ficou implícita – ela riu baixo
- Não, eu quero ouvir saindo da sua boca... “Eu volto pra você null.”
- Eu volto pra você, null... Mesmo você tendo sido um idiota.
- Eu já ia falar isso pra você completar, mesmo que eu tenha sido um idiota.
null riu e levantou-se, indo deitar no sofá e deixando null no chão.
- Você tem mesmo que ficar aí em cima?
- Eu gosto de deitar no sofá. – Ela mudou de canal e viu o relógio: 00:00. Ela deu uma risada boba, e null se interessou.
- O que foi? – Ele perguntou olhando feliz para aquela menina que ele tanto amava, lá, deitada no sofá... Mesmo assim tão pequena.
- São meia noite...
- Pensa num nome...
- Você já sabe qual nome eu pensei. Agora faz um pedido – ela falou rindo.
- Não preciso fazer, meu pedido tá aqui, deitado na minha frente.
- O que, a Megan Fox tá aqui? – Ela virou pra trás rindo, fazendo com que null pulasse em cima dela no sofá, beijando-a, e fazendo-a rir.
- Mas quem precisa de Megan Fox quando tem você? – E beijou-a mais ainda enquanto ela ria. null não conseguia evitar, esperar tanto tempo por ter sua menina de volta, era impossível ficar muito tempo sem tocá-la agora.
- Daqui a três semanas eu me mudo, e não terei mais que falar pra você que sexo no sofá dos meus pais eu não faço.
- VOCÊ VAI SE MUDAR?
- Vou...
- PRA ONDE?
- Não vou sair da cidade se é isso que você está pensando.
- Uh... Que bom... Eu estava pensando em dividirmos um lugar sabe, nós dois...
- Olha null, tá passando Star Wars! – Ela falou a primeira coisa que veio em sua cabeça
- WOOOW STAR WARS!

-FIM-


li e achei bonitinha, boba mas bonita. e eu acredito nisso :$ sempre que vejo (vejo muito) eu falo "tem alguém pensando em mim!" rsrsrsrs

3 comentários:

  1. awwn *-------*
    passei um tempão lendo.
    e adooorei!
    só naum entendi uma coisa: O nome dos dois é null? oO

    queero mais. escreve? =D

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  2. vou procurar mais e postar aqui *-* acho que é isso mesmo o nome dos dois é Null oihushaishua

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