sexta-feira, 28 de junho de 2013

Meio não sei

Num fim de tarde meio cinza, meio ensolarado dentro do peito um vazio meio transbordado uma voz calada que grita aos quatro cantos da Terra a menina se alimentava de ilusões e bebia decepções, dançava em cima de seu próprio coração e se afogava num mar de doces lágrimas... Mas que menina burra!- eu falava - com vendas ela não enxergava nada. Boba, boba! -eu gritava- ela nas nuvens me ignorava. Não sonha tanto menina avoada ou sua cara bonitinha voltará a ser quebrada. Ei, ei - eu não me cansava - a menina estúpida sorria, sonhava, fingia que eu não existia até o dia que foi despedaçada. Eu sei que avisou mas assim de ponta cabeça a vida é certa, esse é o normal dos que cantam, escrevem e amam - disse a mim enquanto juntava seus cacos.

- Ágatha Rodrigues    

sábado, 14 de julho de 2012

Já cheguei, meu amor

Nossa, o céu está nublado, não está? Logo caí um temporal daqueles, meu amor. Mas não tem importância, vou estar nos seus braços pode até cair o mundo e ainda me sinto protegida. Como o tempo demora pra passar e como esse motorista dirige devagar, provavelmente ainda pego esse temporal antes de chegar, e o meu cabelo??!!! Tudo bem, isso também não importa você diz me achar linda mesmo quando eu acordo com a cara amassada e tuas camisas largas. Disse tantas vezes que começo acreditar. Você também tá sentindo isso, meu amor? O coração pequenino cheio de saudades? Droga! Acabou a bateria do celular não posso mais ouvir música pra ajudar o tempo a correr nem posso te avisar que cheguei. Ok, não vou reclamar senão você começa a puxar minha orelha por ter perdido minha chave, só que você me conhece sou assim mesmo distraída, amor e sabe que não gosto que me digam o que fazer  e nem vem me chamar de mimada porque o jeito que você fala até a parece uma coisa bonitinha.  Ah desço no próximo ponto, finalmente pensei que não chegaria nunca, não te falei que ainda pegaria a chuva, ou melhor, dizendo a chuva me pegaria? Não, não tem problema até gosto de tomar um banho de chuva ás vezes, lembra a infância e parece lavar até a alma. Toc-toc.  Abre a porta, posso ouvir seus passos apressados. – Que sorriso lindo você tem.



terça-feira, 6 de setembro de 2011

Outro dia como todos os outros, sempre me imagino caminhando por uma estrada repleta de pedras, folhas secas e com a neblina atrapalhando minha visão. Esse cenário da minha vida vazia que nunca muda. Sempre os mesmos horários, as mesmas responsabilidades, as mesmas coisas, mesmos rostos, mesmas palavras e nenhum sentido.
O dia está nublado, e dias assim fazem eu me sentir desprotegido apesar da sua beleza com o céu carregado de nuvens acinzentadas. Contraditório, não? Me assustam, porém os acho lindos. O telefone não havia tocado durante todo o dia, como eu ainda esperava que alguém sentisse a minha falta? O melhor a ser feito era me afastar deles que fingem se importar quando na verdade ninguém se importa, onde até o “bom dia” é algo automatizado e seco, onde não se sente calor em um abraço, onde não se vê verdade nas palavras, hoje decidi me afastar de onde eu estava sozinho cercado por milhares de pessoas, prefiro estar realmente sozinho. Aqui de cima as coisas são tão pequenas e bonitas, as pessoas, os carros, o céu parece tão perto das minhas mãos, o vento me toca com delicadeza quase me fazendo despertar. A cerveja estava no final, eu deveria descer até meu apartamento para pegar outra acompanhada por mais um maço de cigarros, quando me levantei acabei chutando a caixa vazia, o que durou alguns segundos para mim pareceram horas, aquela caixa caindo me tentando a tentar alcançá-la – na verdade, tentar ultrapassá-la – aquela idéia não me parecia tão absurda quanto a um tempinho atrás, assim me livraria de tudo aquilo me sufocava. Dei um passo e parei por um segundo o passo seguinte foi para trás, o amanhã talvez seja melhor do que hoje ou o depois de amanhã... quem sabe? O melhor a fazer agora é pegar minha cerveja, meus cigarros e esperar.

- Agatha Rodrigues