quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

... era o meu lugar


Diminui a velocidade do meu carro pra observar, recordar; desliguei a música que tocava no rádio do meu carro para poder ouvir o silêncio, a calmaria - há tempos era difícil até ouvir meus pensamentos; abaixei os vidros para sentir o vento entrar, o mesmo vento que balançava as folhas daquelas árvores antigas. Conhecia tão bem aquele lugar, conhecia como a palma da minha mão... uma felicidade nostálgica tomou conta de mim ao passar por aquela praça onde corríamos, riamos, brincávamos, conversávamos e com o passar dos anos namorávamos - um sorriso nasceu ao ver aquele banco onde dei meu primeiro beijo, nesse banco estava sentada uma jovem com um bebê em seus braços talvez ela também houvesse dado ali o seu primeiro beijo - . A casa amarela ainda continuava amarela como em minhas lembranças a diferença é que não tinha mais o seu Bastião com seu violão, sentado em um banco na calçada rodeado por crianças, adolescentes, adultos não havia quem não se encantassem por sua voz - eu soube que todos da cidade foram se despedir dele. Não tão longe dali estava à escola onde estudei toda minha vida, onde conheci amigos de quem me perdi e outros que estão presentes até hoje, em frente ao portão azul havia uma senhora que não foi difícil reconhecer, essa senhora me ensinou a ler e escrever; me surpreendi ao ver do outro lado da rua ao lado do seu carrinho o sorveteiro, era o mesmo sorveteiro ano vinha outros não no meu último ano ele não estava lá.

Que saudades do tempo em que eu andava por essas ruas descalça, ia a padaria de bicicleta todas as tardes, do tempo em que o canto dos pássaros faziam parte do meu dia-a-dia, saudades de conhecer todos que me conheciam e me queriam bem. Parei o carro em frente à casa verde, buzinei e desci do carro e antes mesmo de chegar perto da porta fui recebida com beijos e abraços calorosos de meus pais... depois do jantar nos sentamos na varanda como geralmente fazíamos a anos atrás e conversamos até de noitinha – meus pais sempre dormiram cedo mas já não os acompanhava nisso -. Minha mãe me trouxe um copo de leite e alguns biscoitos, fiquei ali com um cobertor olhando para as estrelas.

- Depois dessas semanas não sei quando as verei em grande quantidade novamente.


Agatha Rodrigues.


.... assim que você encontrar o seu lugar guarde embaixo do solo suas mágoas

2 comentários:

  1. Que conto linda, Agatha! Voltar ao lugar onde passou a infância é nostálgico. Adoray! *-*
    não abandona isso aqui, mulher! ehhe
    ;*

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  2. Muito boa a descrição parecia q era eu q estava lá olhando tudo :D
    não é só pq vc ser minha amiga mas c tem talento rsrs

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