O som que vinha daquele lugar, a sua forma incomum, era tudo muito bonito, os rostos desconhecidos, todas aquelas cores. A menina apenas observava de longe, desde que o circo chegara à cidade ela sonhava em entrar lá, por algumas vezes tentou se misturar em meio à multidão mas se ela não tinha ingresso não poderia assistir ao espetáculo. Por dias catou moedas, carregou compras por alguns trocados, mas ainda assim não era o suficiente; aquela era a última noite de apresentação e ela mais uma vez ficaria ali fora observando as sombras, as pessoas, ouvindo as risadas, imaginando, sonhando. Minutos antes de começar o espetáculo a bilheteria estava vazia, a menina normalmente não se arriscaria a ser mais uma vez expulsa mas aquela era sua única chance, eles iriam embora pela manhã; entrou fazendo o possível para não ser vista o que não de certo, ouviu um grito a voz do porteiro já era conhecida a voz que tantas vezes lhe disse “não” , ela apenas saiu correndo em direção ao seu objetivo... se esquivou e conseguiu se esconder em baixo das arquibancadas, sentiu um frio na barriga ao ver aquela mulher lá no alto sem corda alguma então um homem a segurou pelas mãos e todas aplaudiram. No picadeiro entraram aquelas pessoas com os rostos pintados, nariz vermelho e roupas coloridas... aquele era o momento pelo qual ela mais esperava, as pessoas davam gargalhadas durante a sua apresentação, o porteiro a encontrou e ela fugiu em direção aos palhaços, um deles se aproximou e lhe entregou uma flor que espirrou água em seu rosto, ela riu junto com as outras pessoas, saiu de boa vontade com o homem que a perseguia levando consigo aquela flor e a esperança que eles voltariam e que talvez a levariam com eles.

- Agatha Rodrigues.