quinta-feira, 24 de março de 2011

Bloínquês - 61ª Edição Visual



A minha vida não andava nada fácil, era como se um problema puxasse outro e o outro puxasse outro em uma dança melancólica onde alguém se feria cada passo, eu me feria a cada passo. Talvez o melhor fosse se eu tivesse obedecido ao meu instinto de permanecer na cama, talvez o melhor fosse se não atendesse ao telefonema, ele nunca se importou comigo mesmo, acho graça quando me pergunto o que me fez pensar que seria diferente; o que me fez pensar que hoje eu seria mais importante do que a anos atrás quando eu realmente precisava dele? Eu só “tinha” a ele, eu sempre só “tive” a ele.
Todos me diziam que eu deveria dá um desconto, que ele se fechou depois que minha mãe se foi mas a culpa não era minha, eu não merecia tanta indiferença, eu tinha apenas um provedor, ele não se importava se eu entrasse em casa chorando em busca de refugio, ele sempre dizia que se eu estava bem de saúde, não tinha nenhum machucado físico não havia motivos para chorar; quando eu me machucava, era quando tinha sua atenção mas ali era o médico, não o pai. Eu poderia ter me revoltado e ter me tornado tudo que não presta, a minha desculpa seria falta de atenção? Falta de amor? Qualquer coisa, eu teria uma desculpa, mas o que fiz foi ir embora pra longe assim que pude, ligações uma vez ou outra assim como essa da tarde passada, ele estava na cidade e queria me ver eu aceitei sem pestanejar, estava cheia de esperança quando tudo dava errado. Me arrumei na expectativa de ouvir “Como você está linda, minha filha”, fui até aquele restaurante imaginando cada segundo do encontro, cheguei um pouco adiantada estava ansiosa demais para sair de casa, sentei na mesa reservada e pedi um drink enquanto esperava. O tempo foi passando e nada dele chegar, pensei que ele deveria se atrasar e como cheguei adiantada parecia muito mais tempo do que realmente era, fui pedindo outro drink, os drinks vinham com as horas... meu celular tocou, era ele, eu sabia o que viria a seguir, atendi o telefone: “Querida, desculpe mas...” não precisava ouvir mais nada, desliguei o celular, paguei a conta e fui caminhando pelas ruas - As lágrimas cegavam meus olhos, o som de buzinas assustadas, os faróis altos, os gritos pedindo atenção, algumas palavras de baixo escalão, o equilíbrio comprometido pelo álcool que foi minha companhia aquela noite, uma maquiagem impecável se tornou algo realmente assustador.- sentei em uma calçada qualquer daquela cidade pra onde vim fugir do sofrimento mas nada adiantou, ele foi atrás de mim e me pegou mais uma vez.

#Agatha Rodrigues

5 comentários:

  1. Olá e ai como vai?
    Bela história *-*
    Vai ter continuação né?
    Obrigado pela visita.
    Beijos
    ..................
    www.rimasdopreto.blogspot.com

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  2. muiiito boa a história :D
    essa é a realidade de muita gente

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  3. Que lindo! Romance, são sempre os melhores. Nossa, criativo, lindo! Parabéns!

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  4. Não se pode fugir do sofrimento mudando de lugar. Muitas vezes ele fica estagnado com a gente e nada pode impedir que ele venha novamente.
    um beeijo :*

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